domingo, 26 de dezembro de 2010

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"A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade."  (Friedrich Nietzsche)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Falta.

Eu vivo querendo te expulsar da minha vida, como quem se livra de algo muito grande. As vezes você não cabe em mim, ou não preenche. E os meus pedaços eu vou juntando lentamente no decorrer de mais um dia, levemente alterada por um rivotril. Eu quase sempre penso em te deixar, mas quando você resolve ir, por livre e espontânea vontade, mesmo que para ficar uns dias, eu quase morro de tanta saudade. Porque  quando você não está, sobra muito espaço na cama, e na casa toda. Falta as nossas indiferenças em cada quarto, em cada travesseiro. Falta a nossa falta de assunto, ou nosso excesso deles. Porque quando você está perto é mais fácil não querer te abraçar, porque eu tenho a sensação de que posso fazer isso a qualquer momento mesmo que você não queira. Mas os quilômetros de distância, só aumentam o meu desespero, porque eu não posso sair correndo e tocar você. Começa uma sensação de vazio tão grande no peito, e consome os meus sorrisos, a minha fome. Eu não sei do que sinto falta, acho que sinto um pouco falta de mim .E quando começo a me acostumar a ficar sozinha, e a minha presença solitária, deixa de me assustar, você volta e bagunça tudo de novo. E eu deixo.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"A Alegria na Tristeza"

O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.
O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.
Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.
Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.
Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.
Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.
Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.

(Martha Medeiros)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Escrever.

Preciso.Mais que respirar ou agir diante das coisas que me acontecem.Pra quem fala pouco, escrever é como gritar diante de cada injustiça não contestada, ou cada oportunidade perdida.Escrevo como quem canta um verso bonito, com a mesma intensidade de alguém que diz eu te amo pela primeira vez.Escrevo porque me acalma.Vou deixando cada fantasma em uma linha com virgulas e pontos.E em cada virgula uma nova rima, e em cada ponto  o que vem depois.Viajo em cada palavra e esqueço o tempo. A solidão. E o que vem depois, é sempre tão importante quanto antes.Antes das minhas dores mal curadas, da solidão mal interpretada e das idas e vindas de palavras que vou perdendo até chegar aqui.Vou entendendo a solidão  que é só minha, e tão necessária como imaginar um mundo como de Amelie Poulain.Escrever para mim é como a lanterna dos afogados.Em cada linha um grito novo, uma interjeição. Escrevo, eu grito.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Um pé no SACO!

A ansiedade é um sentimento de apreensão desagradável, vago, acompanhado de sensações físicas como vazio (ou frio) no estômago (ou na espinha), opressão no peito, palpitações, transpiração, dor de cabeça, ou falta de ar, dentre várias outras.
A ansiedade é um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e capacita o indivíduo a tomar medidas para enfrentar ameaças. O medo é a resposta a uma ameaça conhecida, definida; ansiedade é uma resposta a uma ameaça desconhecida, vaga
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"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." (Clarice Lispector)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Bizarrices que só um ogro pode cometer.


Tudo bem, hoje é sexta-feira, acordei num ótimo humor, depois de ter aumentado a dosagem do anjo da guarda que me coloca pra dormir, até poderia considerar, relevar, ou até achar graça das coisas bizarras que os homens insistem em fazer.
Esse eu posso chamar de o "homem ogro". Entra no departamento da recepção, onde eu lia tranqüilamente, um homem com uns 120kg, perdido como uma estante que caiu da mudança, perguntando em alto e bom tom, onde era o banheiro para que ele pudesse urinar. Eu fiquei estática, paralisada, não conseguindo responder ao que ele havia me perguntado, de tanta indignação. Eu falei estante? Juntando todas as partes que compunham aquele ser de filme de terror pra maternal, parecia mais um piano de calda em declínio do prédio mais alto na Avenida Paulista. Ignorância é um negócio complicado. E quem foi que disse a aquele ogro que eu queria saber o que ele iria fazer no banheiro?
No fundo, depois a gente acha graça, porque pessoas assim é que fazem nossas piadas, depois disso, só mesmo tendo o privilégio de sair do trabalho as 13:30 numa sexta-feira de um dia de sol!!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Engraçado "para sempre"

~ Todo novo amor, é para sempre. Todo novo tamanho 38 de roupa, é para sempre. Assim como o gosto pelo perfume daquela nova pessoa que fez suas pernas tremerem quando chegou perto de você pela primeira vez. E já era para sempre muito antes disso. Toda nova crise de choro, por alguém que era para sempre, dói tanto, e para sempre, como se realmente fosse. E a mais nova amizade de boteco, que dançou com você, porque a sua embriaguez sólida, prendeu seus pés tão firmes no chão, que impediam os seus lábios de sorrirem, te fez sorrir, e era a felicidade para sempre. Mesmo que o para sempre durasse só aquele dia, só por aquela dança, ou por aquele sorriso. E já era delicioso a possibilidade do para sempre. E com o passar do tempo e dos anos, e de todas as lágrimas e as experiências de “ para sempre”, percebemos que esse “para sempre” é bem menor que um “não dá”.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pra começar.

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
Clarice Lispector